"Os dias passam e continuo a escrever para você, que não sei se ainda me lê ou se me sente. Comecei a pensar que, na verdade, escrevo essas linhas só para mim, para matar a solidão e poder acreditar que, pelo menos por um instante, tenho você perto de mim. Todos os dias pergunto a mim mesma o que terá sido feito de você e o que estará fazendo.
Por vezes amaldiçoei o dia em que me rendi. Não por você, mas por mim. Que entreguei todos os meus bons sentimentos embrulhados numa caixinha de veludo com uma fita laçada em cima à um 'estranho' sem esperar absolutamente nada em troca. Um sentimento puro, verdadeiro e intocável, até então. E não é a não-reciprocidade que me faz sofrer, é todo o resto.
Não me projetei e não me apoiei em você, mas você me salvou. 'Grande coisa', você pode pensar, achando que não fez nada, mas você fez muito por mim. Você, literalmente, me salvou. Quero um dia ter coragem o suficiente para contar isso.
As vezes penso na vontade que tenho de te fazer feliz e na impossibilidade disso, volto para meus botões. Penso na vontade que tenho de caber em seu abraço.
Senti vontade de escrever para que soubesse que, apesar de tudo, eu vivi e estou agradecida pelo tempo que passei por aqui, agradecida por tê-lo conhecido e por ter sido próxima. Queria escrever porque gostaria que lembrasse de mim e que, algum dia, se conhecer alguém, lhe falasse de mim e me fizesse viver para sempre em suas palavras.
Me pergunto se ao menos uma vez você já falou de mim e imagino o que você poderia ter dito.
Amanhã, ou talvez depois, vou escrever de novo para dizer que o amo, embora isso não faça diferença alguma."
Inspirado em obra de Ruiz Carlos Zafón.
outubro 10, 2009
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